Há algo profundamente errado quando uma doutrina criada para defender a ordem divina produz homens verdadeiramente fracos e mulheres frustradas. O complementarismo moderno, nascido como uma resposta ao feminismo, revelou-se uma verdadeira capitulação disfarçada — uma rendição que preserva a linguagem bíblica enquanto esvazia seu conteúdo de toda substância e poder. Aquilo que deveria ser um antídoto se revelou não apenas um paliativo, mas um agravante.
O Fracasso de uma Resposta Defensiva
A triste verdade é que o complementarismo simplesmente fracassou em sua missão fundamental. Em vez de formar homens de verdade e nutrir suas famílias, ele produziu um exército de “caras legais” — homens “amados” por todos e respeitados por absolutamente ninguém; homens que confundem liderança com gentileza subserviente, acreditando piamente que sua vocação principal é atender prontamente a cada (suposta) necessidade de suas esposas. Esses homens, desprovidos de coragem e ambição, reduziram o conceito bíblico de liderança e governo ao papel de um servo subalterno, abraçando o contraditório ideal corporativo do "líder servidor".
Esse tipo de homem — treinado para não incomodar e para evitar conflitos — simplesmente não satisfaz as demandas naturais femininas, de forma que esse sistema acabou gerando inúmeras mulheres e esposas profundamente insatisfeitas. Mulheres que anseiam por cuidado e liderança genuinamente masculinas, mas que se deparam apenas com meninos frágeis que se escondem atrás de uma barba (ou nem isso) ou de uma suposta “espiritualidade”. O resultado é uma igreja repleta de famílias disfuncionais, onde nem homens nem mulheres experimentam a plenitude de suas vocações.
Além dos Papéis: A Profundidade Criacional
O problema fundamental do complementarismo reside em sua fixação superficial em "papéis". Precisamos reconhecer que as diferenças entre homem e mulher não são meramente funcionais — convenientes arranjos sociais determinados por Deus ou por circunstâncias culturais. Elas são criacionais, profundamente enraizadas no propósito eterno de Deus, refletindo a própria estrutura da realidade que Ele estabeleceu.
Quando reduzimos essas distinções gloriosas a meros "papéis", negligenciamos sua profundidade ontológica e beleza intrínseca. Perdemos de vista que masculinidade e feminilidade não são acidentes históricos ou definições arbitrárias, mas aspectos fundamentais da imago Dei — expressões reais da glória divina gravadas na própria essência do ser humano.
A Necessidade de uma Visão Patriarcal
O que necessitamos urgentemente, portanto, é de uma visão rica e robusta, fundamentada tão somente na ordem/design criacional — a forma como homem e mulher foram criados. Precisamos reconhecer que as distinções entre homem e mulher são essenciais, gloriosas e repletas de significado. Em outras palavras, necessitamos de uma visão verdadeiramente patriarcal — não o patriarcado caricaturado pelos críticos feministas, mas aquele que reflete a sabedoria eterna de Deus, o Pai, e ecoa a estrutura ordenada da realidade criada.
Esta visão patriarcal não diminui ou oprime as mulheres; pelo contrário, ela as honra ao reconhecer sua vocação única e insubstituível dentro da ordem divina. Ela não exalta os homens; antes, os capacita a reconhecer a importância das mulheres e a abraçar sua responsabilidade de proteger e liderar com coragem, sabedoria e genuíno amor sacrificial.
Retornando ao Fundamento
Se o complementarismo nasceu de uma resposta defensiva inadequada, nossa alternativa deve nascer de uma afirmação positiva e robusta da ordem criacional. Não podemos mais nos contentar com meias-medidas que preservam parte da linguagem bíblica enquanto nos rendemos à pressão cultural. Precisamos abraçar uma visão que seja simultaneamente antiga e inovadora— antiga porque reflete a sabedoria eterna de Deus, inovadora porque desafia frontalmente os padrões de nossa era igualitária e, consequentemente, feminista.
Somente quando retornarmos a essa fundação sólida poderemos formar homens verdadeiramente ambiciosos e mulheres genuinamente realizadas, lares prósperos que geram frutos duradouros no mundo, e uma igreja que não apenas transforma, mas lidera a cultura em vez de ser moldada por ela.